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A selectividade alimentar é um comportamento muito comum em bebés e crianças. Comiam de tudo e de repente começam a rejeitar determinadas coisas, algumas que já comiam e outras rejeitam simplesmente por serem diferentes ou novas (neofobia alimentar).

À medida que as crianças vão desenvolvendo mais autonomia, elas começam a preferir comer sozinhas e a ter sentimentos fortes sobre o que está no seu prato. Cá em casa foram os verdes e a novidade. Tivemos um episódio por volta dos 17 meses e depois aos 26 meses. Depois de fazer 2 anos, a minha filha não comia nenhum verde no segundo prato, embora comesse na sopa. Se o segundo prato tivesse demasiada novidade, era capaz de rejeitar tudo e não comer nada que estivesse no prato.

Sei que parece super frustrante, mas os bebés e as crianças não vão querer comer algumas (ou muitas) vezes ao longo da vida deles. E é um comportamento normal!

A boa notícia? Estudos não encontraram evidências consistentes de que a selectividade alimentar afeta o crescimento da criança a longo prazo. Isto porque uma criança com comida disponível, não vai morrer à fome!

Mas a selectividade pode se tornar um problema a longo prazo

Quando o bebé ou criança deixa de comer consistentemente algum alimento, os pais eventualmente acabam por deixar de oferecer. E se os pais deixam de oferecer, a criança deixar de estar familiarizada com o alimento e cria-se o cenário perfeito para essa criança não querer comer mais esse alimento. O que fazer para que seja apenas uma fase e não algo permanente? Veja algumas dicas em baixo.

Continue a oferecer aquilo que o bebé não come

É fundamental continuar a oferecer o alimento para o bebé continuar familiarizado com ele mas sem nunca insistir ou forçar! Alimentos que o bebé ou criança rejeitam podem ser assustadores, então ofereça-os em quantidade pequena.

O bebé deixou de comer brócolos? Se hoje há brócolos ao jantar ponha um pouco de brócolos no prato, não encha o prato de brócolos! Não insista para que coma, os brócolos estão lá e isso é o suficiente.

A sopa é importante pelos nutrientes, por isso continue e a oferecer, mas não é exposição ao alimento. A sopa ter brócolos não deixa o bebé habituado ao brócolos que ele rejeita, mesmo que ele coma.

Ofereça variedade de alimentos saudáveis

Varie bastante. Nos alimentos que oferece, na forma como os cozinha e como os apresenta no prato. Varie nas cores e texturas que oferece. Um bebé que está habituado a ver coisas diferentes no prato tende a aceitar melhor novos alimentos.

Os alimentos que devem estar no prato de um bebé devem ser apenas alimentos saudáveis e naturais: vegetais, verduras, frutas, leguminosas, proteína animal, grãos (preferencialmente integrais), fontes de gorduras boas e lácteos (leite de vaca apenas a partir dos 12 meses). Evite produtos ultraprocessados, com açúcar ou sal, especialmente nas refeições principais.

Não ofereça alternativas nem substitua

Imagine que o jantar é arroz de grelos e frango. E o seu filho não tocou no segundo-prato. E você com as melhores das intenções, vai preparar uma massa com molho de tomate, ou fritar rapidamente umas batatas fritas.

O bebé ou criança percebem que não precisam comer, porque vão ter sempre o que querem – batatas fritas, mesmo que toda a família coma arroz de grelos. Vai ser cada vez mais difícil o bebé comer grelos. Então é importante que ele saiba que não há alternativas e que aquilo é tudo o que há para comer.

Não force o bebé a comer

Se pressionados ou forçados a comer, a necessidade de autonomia das crianças pode levá-las a resistir a comer. O que é que forçar um bebé acaba por fazer? Cria stress à hora das refeições e esse stress pode durar anos. Obrigada um bebé ou criança a comer sem vontade, mesmo que com a melhor das intenções – afinal não queremos que os nossos filhos passem fome – dá os sinais errados ao bebé: a mesa, a comida não é prazerosa, é fonte de stress. É muito complicado criar uma boa relação com a comida e os alimentos quando nos forçam a comer.

Sem contar que forçar um bebé a comer (e por forçar entenda-se também aquela colher bem intencionada depois do bebé virar a cara ou fechar a boca e que com jeitinho conseguimos que entre na boca do bebé), estamos a mexer com a capacidade de auto-regulação do apetite com que esse bebé nasce. O corpo dele recebe a mensagem de continuar a comer mesmo quando está satisfeito e isso pode trazer problemas de peso mais para a frente.

Não pode ser só mais uma colher, não pode ser um aviãozinho, não pode ser só sais quando acabares o prato, não pode ser se comeres mais um pouco podes ver televisão. Subornar é tão prejudicial como forçar.

Tenha paciência

Pode parecer assustador ver o nosso filho sem comer ou a comer mal várias refeições seguidas. Mas se ele está saudável e bem, confie nele. Ele sabe melhor que as outras pessoas quanto precisa comer. Sem contar que nós somos a geração do prato limpo, do só sair da mesa se comermos tudo e precisamos quebrar esse ciclo. A criança não precisa comer tudo o que está no prato para ser saudável!



Atenção que para bebés mais pequenos a rejeição pode estar relacionada com a falta de interesse: talvez seja altura para começar a variar mais sabores, evoluir textura. Se está a ter dificuldades em introduzir sólidos peça ajuda! E se desconfia que o bebé não está a comer porque está doente ou se existem outros sintomas fale com o pediatra!

Fontes:

Satter E. Feeding dynamics: Helping children to eat well. J Pediatr Health Care. 1995;9(4):178–84.

Cerro N, Zeunert S, Simmer KN, Daniels LA. Eating behaviour of children 1.5–3.5 years born preterm: Parents’ perceptions. J Paediatr Child Health. 2002;38(1):72–8.

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