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Há três métodos principais de introdução da alimentação complementar: o método convencional, baby-led weaning ou introdução mista.

O baby-led weaning, ou BLW, tem vindo a ganhar popularidade nos últimos anos e é cada vez mais o método escolhido pelos pais para a introdução da alimentação complementar do bebé. No entanto, é importante reforçar que a escolha do método é uma decisão apenas dos pais. São vocês que vão alimentar o vosso bebé e por isso devem estar confortáveis e confiantes com o método que escolhem e esse método tem de se enquadrar na vossa rotina.

Ainda não há evidência científica suficiente para defender o BLW como método superior à introdução convencional. Dois órgãos de saúde – o do Reino Unido e o do Brasil – já falam sobre e recomendam o BLW como opção de introdução alimentar. Mas é importante reforçar que os outros órgãos de saúde, como a Academia Americana de Pediatria ou o Ministério de Saúde do Canadá, falam sim da introdução de texturas macias como purés ou finger foods.

O que não parece vir sugerido é introdução através de caldos ou sopas muito líquidas. Por isso mesmo que opte por uma introdução convencional lembre-se da importância de dar textura à comida do bebé, incentivando a mastigação e a autonomia à mesa (o comer sozinho). É fundamental aproveitar a janela crítica da mastigação que vai até aos 9 meses e dar oportunidades a bebé de treinar a mastigação. Nesta altura o bebé já deve conseguir comer (pelo menos parte das refeições) sozinho.

Em baixo comparamos os dois métodos principais: introdução convencional e BLW e falamos um pouco dos prós e contras de cada um.

Introdução convencional

Aqui falamos da introdução de sólidos através de sopas e papas, onde o bebé é alimentado por um cuidador. Ao contrário do que se pensa, a introdução com papas e sopas não está associada a menor risco de engasgo, por isso ele não entra como uma vantagem deste tipo de diversificação alimentar.

Prós:

Menos sujidade: esta é a maior vantagem para a maior parte dos pais. Bebés que são alimentados não sujam a cadeira, chão, paredes e dificilmente sujam a roupa.

Menos tempo em refeições: Alimentar um bebé também é muito mais rápido que deixá-lo comer por si próprio

Menos tempo em preparo de refeições: Preparar papas e sopas normalmente é mais rápido e a comida pode ser feita em grandes quantidades e congelada.

Maior aporte nutricional: Embora não esteja clara a evidência científica, o bebé que é alimentado pode sim ter menos risco de carência de alguns nutrientes, especialmente o ferro.

Contras:

Impacto na auto-regulação do apetite: É muito mais fácil sobre-alimentar um bebé com papas ou sopas. Quando alimentamos um bebé com a colher temos maior tendência a não ver os sinais de saciedade e alimentar o bebé para além do que ele precisa.

Desenvolvimento oral: Um bebé que é alimentado com papas e sopas durante mais tempo tem maiores dificuldades em aceitar alimentos sólidos mais para a frente. Além disso, a falta de treino da mastigação pode causar uma série de outros problemas, incluindo da fala. Falamos mais sobre este tema aqui.

Selectividade alimentar: quando o bebé é sempre exposto a alimentos misturados ele não vai conhecer o sabor ou o aspecto dos alimentos individualmente, podendo desenvolver comportamentos mais selectivos mais para a frente.

Experiência sensorial menos rica para o bebé: Quando o bebé come sempre alimentos triturados, ele não consegue explorar diferentes texturas com a mão, olhos e boca. As sopas também têm muitas vezes a mesma cor.

Introdução antes do tempo: Como o bebé consegue comer alimentos triturados mesmo antes de ter todos os sinais de prontidão, muitos profissionais de saúde continuam a indicar a introdução de sopas entre os 4 e os 6 meses, mesmo que as recomendações mais atuais dos principais órgãos de saúde sejam para amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade.

Baby-led weaning (BLW)

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o método de BLW é muito mais do que oferecer alimentos em pedaços ao bebé. Na sua base está o comer com bebé – ao mesmo tempo, na mesma mesa e partilhar a mesma comida. Ou seja, o bebé ter um papel ativo na sua alimentação.

Prós:

Experiência mais rica: o bebé toca, mexe, leva à boca os alimentos. Explora os seus sabores e texturas diferentes.

Conhecer os alimentos: Como os alimentos são servidos separadamente, os bebés aprendem desde cedo sobre a aparência, cheiro, sabor e textura dos diferentes alimentos.

Desenvolvimento oro-facial: O bebé começa a praticar a mastigação desde o primeiro dia.

Independência: O bebé tem total controlo sobre o que quer comer. Tanto em quantidade como nos alimentos que escolhe do prato.

Regulação do apetite: Quando é o bebé que come por ele próprio, é mais fácil identificarmos os sinais de saciedade.

Facilidade nas refeições: O bebé come o mesmo que toda a família desde o primeiro dia, ou pelo menos mais cedo do que na introdução convencional. Isto reduz muito o tempo de planear e fazer as refeições.
Refeições em família: O bebé faz parte das refeições da família desde o primeiro dia.

Contras:

Sujidade: Quando os bebés se alimentam sozinhos, a zona das refeições pode ficar caótica. Comida no chão, nas paredes, no cabelo, cara, roupa.
Desperdício: Quando o bebé come sozinho, muita comida fica no prato ou no chão. Por isso o desperdício é muito maior do que na introdução convencional.

Menor aporte nutricional: O aporte nutricional, com especial foco no ferro e zinco, é uma preocupação real no BLW e mencionada em estudos científicos.

Ter de lidar com a preocupação dos outros: Quem faz BLW sabe. Temos de lidar desde cedo com o medo, dúvidas e comentários de familiares e amigos.

Reflexo de gag: Embora o gag em si não seja uma desvantagem. É normal ele acontecer, e. senão acontecer aos 6 meses, acontece mais tarde. Mas pode ser muito desconfortável para os pais e o gag acontece com muito mais frequência no BLW.

Lembre-se que o objetivo deste artigo não é definir qual o melhor método de introdução da alimentação complementar. Apenas compará-los. A decisão é sempre sua porque só você conhece a sua realidade e o seu filho! E como menciono várias vezes nas nossas redes sociais, a diversificação alimentar não tem de ser preto ou branco.

Pode muito bem começar a introdução com sopas e papas e deixar o bebé alimentar-se, comer sempre com o bebé à mesa, nunca forçar o bebé a comer ou distraí-lo para comer mais.

Fontes:

Brown, A., Jones, S.W. & Rowan, H. Baby-Led Weaning: The Evidence to Date. Curr Nutr Rep 6, 148–156 (2017). https://doi.org/10.1007/s13668-017-0201-2

OMS – Guide to Complementary Feeding

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