Apesar das recomendações da OMS sobre a não introdução de açúcar na alimentação do bebé no primeiro ano de vida, um estudo do INSA concluiu que 50% das papas infantis à venda contém açúcar.
Artigo: As papas infantis são necessárias na alimentação do bebé?
Esta informação fez a capa do jornal O Público no dia 26 de dezembro de 2021. No dia seguinte outros meios de comunicação partilhavam a mesma informação.
É bom ver este tema fazer capa de um jornal, mas triste saber como a regulação esta indústria da alimentação infantil é tão “leve”.
Como podemos ter produtos (supostamente) aptos para bebés com menos de 12 meses cheios de açúcar quando a OMS (e a DGS) recomenda não oferecer qualquer tipo de açúcar antes do bebé fazer 1 ano?
Como podemos ter alegações nas embalagens que não representam a composição dos produtos e que continuam a enganar os pais?
Porque não devia ser preciso um curso de nutrição para podermos ir às compras para um bebé. E sim, eu dei à Madalena uma alimentação praticamente natural até aos 12 meses e quase sem alimentos processados exatamente por isso. Mas eu tinha tempo, tinha rede de apoio. A minha filha ficou com a minha mãe quando comecei a trabalhar e era ela que fazia a comida dela.
Mas há muitas pessoas que não podem, não conseguem fazer toda a comida do bebé em casa! E todos nós precisamos de alternativas práticas. Mas quantos de nós consegue ir para um supermercado e ler todos os rótulos e ainda entender o que está no rótulo?
Porquê também eu andei a dar produtos com polpa de fruta concentrada sem saber que era açúcar livre porque o produto era supostamente “sem açúcares adicionados”, bio, saudável e mais não sei o quê.
O que conclui o estudo do INSA?
De 138 produtos comercializados para bebés e crianças com menos de 36 meses, apenas 31% cumprem todos os requisitos nutricionais propostos pelo modelo da OMS2. Uma das principais razões: a adição de açúcares ou adoçantes/edulcorantes.
O estudo mostra que da totalidade de papas infantis, 47% contêm pelo menos uma fonte de açúcar na sua formulação. Além disso, 29% das papas infantis deveriam vir com uma advertência na embalagem dado o nível elevado de açúcar.
Por fim, e segundo os resultados do mesmo estudo, 40% das bolachas não deviam sequer ser comercializadas por bebés com menos de 36 meses.
A OMS levantou esta preocupação em 2019
Num comunicado de imprensa de 2019, a OMS alertava para os níveis elevados de açúcar na comida para bebés à venda.
A OMS desenvolveu um esboço do Modelo de Perfil Nutritivo (NPM) para crianças de 6 a 36 meses para orientar as decisões sobre quais alimentos são inadequados para promoção para essa faixa etária. A Assembleia Mundial da Saúde aprovou a orientação da OMS sobre o fim da promoção inadequada de alimentos para bebés e crianças pequenas por meio da resolução WHA69.9.
Entre as várias propostas está a proibição do uso de açúcares adicionados a alimentos comercializados para bebés e crianças com menos de 36 meses. Pode ver o documento completo aqui.
Qual o problema dos açúcares livres na alimentação do bebé?
Nos primeiros 2 anos de vida o bebé está a desenvolver as preferências e hábitos alimentares. Por isso é fundamental que os bebés consumam alimentos o mais naturais possível (vegetais, frutas, cereais, leguminosas, proteínas animais, frutos secos).
Os bebés nascem com preferência pelo sabor doce. Ao introduzirmos o açúcar demasiado, estamos a interferir com o desenvolvimento do paladar do bebé. Um bebé que esteja habituado a comer coisas doces pode vir a ter mais dificuldade em aceitar alimentos saudáveis como frutas e vegetais.
Mas vai além do paladar. O consumo precoce de açúcar está associado ao risco aumentado de obesidade na infância e doenças cardiovasculares e diabetes na idade adulta. Além disso, o açúcar na infância provoca placa bacteriana e cáries nos dentes.
O que são açúcares livres?
De acordo com a OMS, o termo “açúcares livres” refere-se a todos os monossacarídeos e dissacarídeos adicionados aos alimentos pelo fabricante, cozinheiro ou consumidor, mais os açúcares que estão naturalmente presentes no mel, xaropes e sumos de frutas.
Os monossacarídeos têm uma molécula de açúcar e incluem glicose, galactose e frutose. Os dissacarídeos têm duas moléculas. O dissacarídeo mais consumido é a sacarose ou açúcar de mesa.
Alguns exemplos de açúcares livres:
Frutose
Glucose
Galactose
Sacarose
Maltodextrina
Xarope de milho
Açúcar invertido
Mel
Açúcar mascavado
Açúcar de coco
Açúcar de beterraba
Malte de cevada
Agave
Melaço
Xarope de ácer
Xarope de tâmaras
Néctar de coco
Geleia / xarope de arroz
Sumo de fruta
Sumo de fruta concentrado
Fontes:
Aviso
O conteúdo oferecido no blog comidadebebe.pt é puramente para fins informativos. O comidadebebe.pt não se dedica a fornecer aconselhamento profissional, seja médico ou outro, para usuários individuais ou para os seus filhos ou famílias. Nenhum conteúdo deste site, independentemente da data, deve ser usado como um substituto do conselho de um médico ou profissional de saúde, nutricionista ou especialista em alimentação e alimentação pediátrica. Ao acessar o conteúdo em comidadebebe.pt, reconhece e concorda que aceita a responsabilidade pela saúde e bem-estar de seu filho ou familiar. Em troca de fornecer-lhe uma série de informações sobre alimentação e nutrição infantil, introdução da alimentação complementar e receitas, você renuncia a quaisquer reclamações que você ou seu filho possam ter como resultado da utilização do conteúdo que está no comidadebebe.pt.