Neste artigo falamos sobre as algas na alimentação do bebé: os bebés podem consumir algas? Se sim, a partir de que idade? Que algas oferecer e como oferece-las.
As algas são classificadas pelo seu tamanho: Micro e Macroalgas, sendo este último grupo subdivido pela cor: algas verdes, castanhas e vermelhas. Não fazendo parte da nossa cultura alimentar, as algas representam uma fonte alternativa de proteína, fibra, vitaminas e minerais.
Composição nutricional das algas
São muito ricas em termos nutricionais: contêm proteína, vitaminas (A, C, E e complexo B), minerais (potássio, cálcio, ferro, sódio, iodo e magnésio), flavonóides, fibras que ao fermentarem pela microbiota intestinal produzem ácidos gordos de cadeia curta, com efeitos muito importantes para o sistema imunitário e contêm ainda gorduras polinsaturadas, com quantidades generosas de ómega-3 (EPA, DHA e ALA), muito importante para garantir o adequado desenvolvimento cerebral.
A sua ingestão não é imprescindível (principalmente em crianças omnívoras), contudo pode ser interessante em crianças vegetarianas estritas como forma de obter ómega-3, iodo e ferro.
Apesar de se falar no seu teor de B12, as algas não são uma fonte desta vitamina, uma vez que não contêm a forma biologicamente ativa da B12, mas sim um análogo biologicamente inativo que pode até interferir na sua absorção. Crianças vegans devem recorrer a suplementação alimentar prescrita por um profissional de saúde para obter esta vitamina.
A partir de que idade pode oferecer algas ao bebé?
Segundo um artigo de revisão (Pimentel, 2018) referenciado nas Linhas de Orientação da DGS “Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos” sugere-se que a introdução de algas na alimentação complementar possa ocorrer a partir do 9º mês, em pequenas quantidades, e num máximo de 3 a 4 vezes/semana.
As algas não devem substituir outro grupo alimentar como os hortícolas, mas sim funcionar como um complemento.
Quais as melhores opções de algas para bebés e crianças?
A escolha das algas a consumir deve ser feita de forma cuidadosa uma vez que estas absorvem não só nutrientes, como também componentes prejudiciais à saúde. O consumo excessivo e de fontes não seguras representa risco para a ingestão de metais pesados, toxinas, pesticidas e pode levar a reações alérgicas ou intoxicações alimentares.
A contaminação com metais pesados depende de vários fatores: espécie, localização e contaminação da água. Sabe-se que as macroalgas castanhas apresentam, normalmente, maior teor de arsénio (um metal pesado).
Um estudo científico mostrou o valor médio de arsénio presente em algumas algas: Nori (0.11mg/kg), Wakame (0.18mg/kg), Kombu (0.22mg/kg), Sargassum fusiforme (0.32mg/Kg) e hijiki (7.80mg/Kg) – esta última com as concentrações mais elevadas é totalmente desaconselhada.
Tenha atenção ao teor de iodo e sódio presente nas algas, pois um consumo excessivo pode interferir na tiroide e contribuir para doenças cardiovasculares, respetivamente.
As algas com menor teor de sal e iodo, e por isso mais apropriadas para bebés e crianças pequenas, são: nori, wakame e arame.
Cuidados adicionais a ter:
- As algas devem ser previamente demolhadas para retirar o excesso de sal
- Optar por algas com menor teor de iodo, sal e arsénio (carcinogénio – OMS 2011): nori, wakame e arame.
- Optar por algas com certificação
- Consumir pequenas quantidades, bastam pequenas porções para garantir efeitos benéficos. O Portal Português das macroalgas recomenda não ultrapassar 4-5 gramas de biomassa seca por dia (Exemplo: 1 colher de sobremesa rasa de alga em pó).
Como oferecer algas a bebés?
A forma de oferecer algas é igual tanto na introdução convencional, como em BLW. Para bebés, a forma mais fácil de oferecer é oferecer a alga desidratada e triturada (em pó). Depois pode misturar um pouco desse pó a outros alimentos como sopas, hambúrgueres tradicionais/vegetarianos, húmus, pasta de feijão, falafel, papas de aveia, etc.
Além das interessantes características nutricionais, as algas têm também um sabor agradável devido ao aminoácido glutamato, o principal componente do sabor umami.
Fontes:
- E-book APN n.º 51 “Algas a gosto: considerações nutricionais e de saúde” (2019)
- Portal português das macroalgas http://macoi.ci.uc.pt/
- Pimentel, D., Tomada, I., & Rêgo, C. (2018). Alimentação vegetariana nos primeiros anos de vida: considerações e orientações. Acta Portuguesa De Nutrição, 14, 10-17. https://doi.org/10.21011/apn.2017.1403
- Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável – PNPAS e DGS (2015). https://nutrimento.pt/manuais-pnpas/linhas-de-orientacao-para-uma-alimentacao-vegetariana-saudavel/
- Linhas de Orientação para Profissionais e Educadores: Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos – PNPAS e DGS (2019) ISBN: 978-972-675-292-9. https://alimentacaosaudavel.dgs.pt/alimentacao-saudavel-dos-0-aos-6-anos/
- Survey of inorganic arsenic in seaweed and seaweed-containing products available in Australia. Foodstandards.gov.au. (2013). https://www.foodstandards.gov.au/science/surveillance/Pages/surveyofinorganicars5773.aspx.
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