A introdução de frutos secos(ou frutos de casca rija ou oleaginosas) na alimentação do bebé levanta muitas dúvidas. Os frutos de casca rija, reconhecidos pelos seus inúmeros benefícios nutricionais, são uma excelente opção de alimento para incluir na alimentação do bebé, mas são necessários alguns cuidados. Continue a ler para saber mais.

Os frutos secos, segundo as normas europeias, são:

• Amêndoas

• Avelãs

• Castanha de Caju

• Castanha do Brasil (também conhecida como Castanha do Pará)

• Nozes

• Nozes pecan

• Macadâmias

• Pinhões

• Pistachos

Estes alimentos precisam aparecer na lista de ingredientes com destaque ou, no caso de contaminação cruzada, aparecer a alegação "pode conter vestígios de".

Porquê incluir frutos secos na alimentação do bebé?

Os frutos de casca rija são ricos em nutrientes essenciais para o crescimento saudável dos bebés. Estes alimentos fornecem uma boa fonte de gorduras saudáveis, nomeadamente ácidos gordos monoinsaturados e polinsaturados, que são fundamentais para o desenvolvimento do cérebro. Além disso, os frutos secos contêm proteínas de alta qualidade, fibra, vitaminas, principalmente a vitamina E, e sais minerais.

Quando introduzir frutos de casca rija?

A recomendação atual é para introduzir alergénicos alimentares, onde estão incluídos as oleaginosas, a partir dos 6 meses e antes dos 12 meses, desde que sejam devidamente preparados para evitar riscos de engasgamento e alergias. 

Risco de alergia alimentar

Juntamente com o amendoim e o marisco, os frutos secos são um dos alegénicos alimentares mais frequentemente associados à anafilaxia – uma reação alérgica grave e de início rápido e que pode ser fatal. Também é uma alergia que na maioria dos casos dura toda a vida; menos de 10% das pessoas com esta alergia ultrapassam-na.

De entre os vários sintomas possíveis, destacam-se os seguintes: 

• Dor abdominal, náuseas e vómitos,

• Diarreia,

• Dificuldade em engolir e em respirar,

• Comichão em qualquer área do corpo (boca, garganta, olhos, pele, …),

• Congestão nasal ou nariz a pingar.

Estudos recentes têm demonstrado que a introdução precoce de potenciais alérgenos, como frutos secos, pode reduzir o risco de alergias alimentares futuras. No entanto, é essencial que sejam seguidas as orientações para garantir a segurança do bebé. Se o bebé tiver histórico familiar de alergias alimentares, ou se apresentar sinais de alergias a outros alimentos, é importante consultar um pediatra alergologista antes de introduzir esses alimentos.

Por fim, o amendoim não é um fruto de casca rija, mas sim uma leguminosa. Ainda assim, entre 25% e 40% dos indivíduos alérgicos ao amendoim também reagem a pelo menos uma oleaginosa, segundo estudos.

Então, como introduzir estes alimentos?

Existem algumas regras para introduzir frutos de casca rija pela primeira vez:

• A sua introdução pode ser feita sob a forma de farinha ou manteiga de frutos secos, para evitar o risco de engasgamento. 

• Deve começar por oferecer uma pequena porção e garantir que há ingestão. Isto significa que não devemos misturar com toda a refeição, mas sim na colher antes de oferecer ao bebé, caso contrário podemos não perceber se o bebé provou ou não o fruto seco em questão.

• Deve estar atenta/o a qualquer sinal de alergia, como erupções cutâneas, vómitos, ou dificuldade respiratória. Se notar qualquer sintoma de alergia, deve suspender a oferta de frutos secos e procurar ajuda médica imediatamente.

• No caso de não haver reação, no dia seguinte deve voltar a oferecer o alimento, podendo aumentar ligeiramente a quantidade.

• Nota: A introdução dos alergénios deve acontecer no período da manhã para podermos observar eventuais reações que possam surgir. Não deve ser oferecido qualquer outro alergénio nos primeiros dias de introdução de um novo alergénio.

Farinha de frutos secos

Pode moer os frutos secos até obter um pó fino, e depois utilizar de diferentes modos:

• Adicionar na hora a purés, papas de cereais, ogurte natural/grego, ou até na sopa.

• Utilizar a farinha no preparo de panquecas ou muffins.

• Se faz baby-led weaning (BLW), pode ainda usar a farinha para panar alimentos escorregadios, como tiras de abacate ou manga.

Manteiga de frutos secos

As manteiga ou pastas de frutos secos são surpreendentemente fáceis de preparar. Só precisa de um processador de alimentos. Na impossibilidade de oferecer uma versão caseira, deve optar por uma manteiga de frutos secos que tenha apenas um ingrediente, ou seja, sem adição de açúcar ou sal. Uma vez que a manteiga de frutos secos pode aglomerar na boca e bloquear as vias respiratórias, não devem ser dadas sozinhas, podendo optar por:

• Misturar num iogurte natural/grego ou num puré de fruta,

• Barrar uma camada fina em pão ou panqueca.

Segurança e conservação dos frutos de casca rija

Os frutos secos devem ser armazenados em locais frescos e secos para evitar a sua deterioração. Se optar por comprar manteiga de frutos secos, verifique sempre a data de validade.

Um especial alerta e cuidado para o país de origem destes alimentos devendo optar idealmente por produtos nacionais ou produzidos na europa. O amendoim e o pistácio são dos alimentos mais suscetíveis à presença de aflatoxinas, um contaminante natural produzido por fungos. Comprar estes alimentos com casca e fazer a pasta de amendoim em casa ajuda a reduzir o risco, no entanto, por este motivo, devem ser oferecidos com moderação.

Fontes:

• Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde. Alimentação Saudável dos 0 aos 6 anos – Linhas De Orientação Para Profissionais E Educadores. 2019. Disponível em: https://alimentacaosaudavel.dgs.pt/alimentacao-saudavel-dos-0-aos-6-anos/ 

• Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde. (2017). Normas e orientações para a alimentação saudável de crianças e adolescentes.

• Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida: um presente para o futuro. E-book nº 53. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2019.

• Fewtrell M, Bronsky J, Campoy C, Domellöf M, Embleton N, Fidler Mis N, et al. Complementary Feeding: A Position Paper by the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN) Committee on Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2017; 64(1):119-32.