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Antes de começar a ler este artigo queremos que saiba que você está a fazer o melhor para o seu filho ou filha, dentro da sua realidade. Nem todas as mãe têm condições de preparar bolachas caseiras para os seus bebés levarem para a creche todos os dias e está tudo bem! O importante é fazermos o nosso melhor com a informação que temos e este artigo pretende ser isso mesmo: um artigo informativo para ajudá-la a tomar as melhores decisões dentro da sua realidade!

O açúcar está em quase tudo que comemos – especialmente na alimentação infantil – e é impossível que uma criança passe a infância sem comer açúcar. Mas é muito importante (tentar) não oferecer açúcar ou alimentos que contenham açúcar nos primeiros dois anos do bebé.

Este artigo está divido da seguinte maneira:

A DGS recomenda não oferecer açúcar nos primeiros 12 meses. Mas estudos recentes internacionais recomendam esperar até aos 2 anos. Explicamos porque. 

O açúcar interfere com o desenvolvimento do paladar

Os primeiros dois anos de vida do bebé são fundamentais porque é nesta fase inicial que o paladar está a desenvolver-se. Evidência científica sugere que os bebés nascem com preferência pelo sabor doce. Quando oferecemos alimentos naturais e saudáveis, o bebé vai desenvolver o seu paladar com base nesses alimentos. Isto tem um impacto fundamental nos hábitos alimentares saudáveis e na boa relação com os alimentos até à vida adulta.

Quando oferecemos açúcar ou alimentos industrializados com açúcar adicionado, vamos viciar o paladar do bebé e ele vai passar a preferir o sabor doce. Ou seja, o iogurte natural sem açúcar passa a ser muito ácido e o bebé vai preferir um iogurte de fruta açucarado. O mesmo com os bolos, bolachas. A fruta e os vegetais também podem passar a não ser tão interessantes. 

Oferecer açúcar nos primeiros anos de vida significa que o bebé vai só querer comer doces e processados? Não! Mas significa que ela vai ter preferência por alimentos doces ou processados. O consumo de alimentos saudáveis como vegetais e frutas passa a ficar prejudicado na infância.

E esses hábitos são muito difíceis de mudar. Basta pensar em si: Quantas vezes sente que “precisa” de comer um doce?

Mas é muito mais do que o paladar

O açúcar que é usado para adoçar alimentos e bebidas industrializadas difere dos açúcares naturais presentes na fruta ou no leite. As frutas contêm açúcar, mas também contém fibras e nutrientes. Isso faz com que a absorção seja lenta. O açúcar adicionado é uma fonte de glicose que é rapidamente absorvida pelo corpo e causa os chamados picos de glicemia. 

Além disso, como o estômago dos bebés é pequeno, pode facilmente ficar cheio de alimentos com calorias vazias e não ter espaço para alimentos ricos em nutrientes como os vegetais e as frutas.

E não é difícil um bebé ou criança consumir açúcar em excesso. Um lanche composto por papa Cerelac (16,5g por uma refeição de 50g) ou por um Danoninho (6,5g) e duas bolachas maria (2,5g) tem muito açúcar. Ou por um leite com chocolate (25g) e um pão com marmelada. E são lanches comuns nas creches e nas escolas.

De acordo com um relatório científico do Dietary Guidelines Advisory Committee1, a exposição ao açúcar no início da vida da criança surgiu como um fator de risco etiológico associado ao risco de doenças crônicas na vida adulta. O açúcar consumido na infância está associado a:

  • Cáries dentárias
  • Risco aumentado de obesidade infantil
  • Risco aumentado de diabetes tipo II
  • Risco aumentado de hipertensão arterial
  • Risco aumentado de colesterol alto

E não se preocupe porque não está a oferecer alimentos que consideramos deliciosos como gelados ou chocolates ao seu bebé. Até a criança começar a comer alimentos e bebidas açucaradas, ela não conhece o sabor e por isso não sente falta!

Se o seu bebé já come alimentos com açúcar não há problema! Mas é importante tentar reduzir o consumo desses alimentos de forma gradual e fazer substituições saudáveis.

E depois dos 2 anos?

Não oferecer açúcar ou alimentos industrializados com açúcar antes dos dois anos, não significa que no momento em que faz dois anos a criança tenha de comer açúcar ou possa comer açúcar à vontade. Significa que pode comer com moderação. 

Segundo a Associação Americana do Coração, a partir dos dois anos, o total de açúcar adicionado que uma criança deve ingerir por dia é de 25 gramas, o equivalente a 6 colheres de chá. Se a criança beber uma garrafa de Ucal (250ml) já atingiu o limite máximo. 

A criança já vai ser exposta a alimentos com açúcar, então não precisamos forçar o açúcar no momento em que ela faz 2 anos. Não precisamos começar a oferecer logo gelados e bolos açucarados à criança. Mas se estivermos numa festa de família e o bolo tiver açúcar, podemos oferecer um pouco de bolo, caso a criança peça. Ou se a criança gostar muito de gelado, podemos sair uma vez de vez em quando para comer um gelado. 

Proibir um alimento não ajuda no desenvolvimento de uma relação saudável com os alimentos no futuro. É importante que a criança saiba que esses alimentos existem mas que são consumidos apenas em ocasiões especiais ou com moderação. Equilíbrio acima de tudo! Mas também é importante que a oferta de alimentos em casa seja a mais saudável possível. Pode ter bolachas e chocolates na despensa mas não tenha só bolachas e chocolates. Tenha sempre snacks saudáveis disponível para a criança.

Mas lembre-se que é importante a criança seguir as rotinas da família. Se a família não come bolachas nem chocolates, não precisa tê-los em casa para a criança. Nós cá em casa não bebemos refrigerantes nem sumos de fruta. Então nunca os temos em casa. É possível que a minha filha só vá provar um refrigerante quando for bem mais crescida. E está tudo bem!

O açúcar escondido nos alimentos industrializados

O açúcar está em grande parte dos alimentos industrializados, incluíndo alimentos para bebés com menos de 1 ano. Surpreendente não é? Por isso é tão importante ler os rótulos dos produtos. 

A primeira coisa a reter é: os ingredientes da lista vêm por ordem decrescente. Então se o açúcar é um dos primeiros ingredientes é porque está presente em grande quantidade.

O açúcar muitas vezes aparece mais do que uma vez e com nomes diferentes. Entre eles temos: frutose, sacarose, glicose/glucose, xarope de glucose, xarope de milho, dextrose, maltodextrina, açúcar invertido e versões mais saudáveis mas que são açúcar como açúcar mascavado, açúcar de coco, açúcar de beterraba e por aí vai. 

Tenha atenção também aos concentrados de fruta na lista de ingredientes. É preciso uma quantidade enorme de fruta para fazer concentrados e por isso devem ser evitados igualmente.

Alternativas saudáveis para bebés com menos de 2 anos

Ofereça fruta ao lanche ou como snack

Bata fruta e junte ao iogurte natural sem açúcar

Substitua a papa Cerelac por papas caseiras de aveia, millet, trigo sarraceno…

Use passas para adoçar bolos, bolachas e muffins (para bebés acima de 1 ano)

Ofereça tâmaras Medjool com moderação ou use-as nos bolos, bolachas e muffins (para bebés acima de 1 ano)

Use banana bem madura para fazer bolos e panquecas

Use banana ou puré de maçã para adoçar as papas de aveia

Não ofereça sumos de fruta naturais e dê a fruta (em pedaços ou em puré) em vez do sumo.

Ofereça bolachas de arroz integral em vez de bolachas de água e sal ou bolachas maria.

Ofereça água às refeições.

Alternativas saudáveis para crianças com mais de 2 anos

Pode continuar a usar as mesmas coisas da lista dos bebés

Substitua o açúcar branco nos bolos por açúcar mascavado, demerara ou açúcar de coco

Para as panquecas ou papas pode usar xarope de ácer, mel ou xarope de tâmaras

Não adicione açúcar ao leite e outras bebidas.

Ofereça água às refeições.

Prefira o chocolate amargo (acima de 70%) ao chocolate ao leite.

Faça gomas caseiras com gelatina e fruta.

Mantenha o hábito de dar fruta aos lanches.

Continue a evitar produtos altamente processados e com listas de ingredientes muito extensas. 

Leia sempre os rótulos dos produtos industrializados: os ingredientes vêm pela ordem de importância, por isso evite produtos com açúcar nos primeiros da lista e quanto menos ingredientes na lista melhor.

E lembre-se que mesmo que sejam opções mais saudáveis e nutrititivas o açúcar mascavado, açúcar de coco, xarope de ácer, xarope de tâmaras e agave continuam a ser muito calóricas e devem ser consumidas com moderação!

Como lidar com terceiros

Família e amigos: Mantenha um diálogo aberto. Explique a razão pela qual não quer oferecer açúcar e peça para não darem nada à sua filha ou filho sem antes confirmar consigo. Se mesmo assim for difícil diga que o pediatra não deixa dar açúcar por razão de saúde. Quando nada mais funciona, esta carta da pediatra normalmente funciona!

Creches e jardins de infância: Infelizmente esperaríamos que o sítio que cuida das nossas crianças também cuidasse da alimentação, mas na maior parte dos casos não é assim. Com a agravante de que na maior parte das creches não permitirem às crianças trazerem comida de casa. Enquanto o almoço normalmente é saudável, as sobremesas e os lanches nem sempre são. Gelatinas com açúcar à sobremesa para crianças com menos de 2 anos, iogurtes com açúcar ao lanche da tarde, bolachas maria de manhã. Envolva-se e seja fonte de informação. Fale com a direção e as professoras sobre a lista de ingredientes, quantidade de açúcar em alguns alimentos. Faça sugestões de alternativas. Se for possível, peça para levar o lanche pelo menos.

Fontes:

1 Dietary Guidelines Advisory Committee

American Heart Association

DGS

1000 days

Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos

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